A verdade é que não é fácil sair assim de casa, da nossa zona de conforto, em que controlamos o nosso dia a dia e em que mergulhamos numa rotina mais ou menos definida, para abraçarmos um projecto deste género, um ano na estrada, sem saber exactamente onde.
Os últimos dias antes da viagem foram vividos num impasse: por um lado pensava em tudo o que deixava para trás, família, namorada, amigos, trabalho, a segurança do lar; mas por outro, para me animar e dar força, fazia por pensar no que ia ver, nas pessoas que ia conhecer, no esforço que tinha feito para a concretização deste projecto. A verdade é que, agora que cá estou, parece-me tudo muito mais fácil, se calhar também porque estou em casa de uma amiga, o que significa algum nível de conforto, segurança e confiança, saber que se me acontecer alguma coisa, facilmente consigo obter ajuda.
Na semana que antecedeu a minha partida visitei os membros da família mais chegados, tentei passar algum tempo de qualidade com a miúda e fiz um jantar de despedida com os amigos e, durante estes períodos, houve momentos muito emotivos, em que um olhar ou um gesto facilmente substituíram as palavras. Momentos eventualmente tristes, mas verdadeiros.
E pronto, vamos a terminar com este discurso lamechas (isto sou eu a fazer-me de durão) e voltamos aos factos.
New York.
Espectacular!
Já dei algumas voltas pela cidade, principalmente por Manhattan. Como é uma cidade plana e está realmente organizada segundo uma esquadria, é muito simpática para se andar a pé. Já fiz uns kms valentes.
Grande parte da cidade tem prédios bastante antigos, mas bem giros: muitos em tijolo maciço, com as escadas de incêndio em metal. Uma característica que consegui constatar é que, por serem velhas, as casas já não são muito certas o chão dos apartamentos e as escadas são inclinados. Mas também, o que esperar de casas com 200 ou 300 anos?
Também reparei que, devido ao tamanho dos prédios, Manhattan é um pouco escura, o sol não entra muito na cidade. Em Williamsburg, onde estou, os prédios são mais baixos, entre os 3 e os 4 andares, o que faz com que seja mais soalheiro. Também as ruas são um pouco mais largas aqui. Williamsburg é uma zona residencial dentro de Brooklyn. É só atravessar a ponte e estou em Manhattan. É um bairro que começa agora a ficar na moda entre os Nova Yorkinos e, como tal, os preços das rendas estão a começar a subir. No entanto, tudo o que uma pessoa necessita no dia-a-dia, está aqui perto. É um bairro muito porreiro.
Quanto ao andar na rua, embora 90% da população utilize street wear, não é por isso que são marginais. Apenas pessoas práticas. Aliás, como tem tanta gente de tanto lugar diferente e com culturas diversas, o espírito predominante é muito liberal, sem julgamento de imagens ou carácter (prova disso é a quantidade de meias brancas que se vêem em toda a gente).
Câmara da cidade
Central Park - numa das partes do parque, que é gigante, estava a decorrer um concurso de abóboras esculpidas para angariação de fundos para uma instituição de ajuda a crianças com doenças terminais.
MOMA (Museum Of Modern Art) que, às sextas feiras, entre as 4 e as 8 é gratuito.
Ruas da cidade - por vezes fecham determinada rua para fazerem feiras. Já estive em duas: uma era com comes e bebes, colares, pulseiras e roupa barata, quase como se fosse a feira da ladra, e com uma banda de jazz muito interessante; a outra era quase só de produtos agrícolas (muitos de origem biologica).
Quanto a mim, já me consigo orientar perfeitamente no metro a apanhar as linhas e direcções correctas, e até consigo apanhar metros expresso (que não param em todas as paragens). Também para telefonar duma cabine telefónica o estranho é ter que marcar sempre o 1 do indicativo internacional. É como ligar para alguém em Portugal e ter de começar a ligação com o 351 + número. Ainda não é para agora, mas do que vi, é uma cidade em que me parece que eu era capaz de viver. Embora uma abordagem inicial seja difícil, as pessoas são bastante simpáticas. Por duas ou três vezes estava eu na rua com o mapa aberto e vieram perguntar-me se precisava de ajuda para me orientar. Mesmo sem eu ter perguntado nada.
Quanto ao tempo, tem estado o céu limpo. Só ontem é que choveu e por isso fomos para casa de um amigo ver filmes: só assim por acaso tem um projector na sala, o que faz com que tenha uma televisão de +- 2 metros de diagonal. Ah, esquecia-me, tem também um sistema semelhante ao MEO (com TV cabo, Internet, Video on Demand e telefone) a diferença é que tem uns 2000 canais(!!!), o video on demand é gratuito, o disco rigido do sistema tem 300Gb e este tipo de serviço já existe a mais de 5 anos. É apenas o lag que Portugal têm... (apenas como curiosidade, para quem quiser saber, ele paga 150 dólares por mês).
Ha alturas em que vais sentir falta da familia, namorada, amigos, país, tudo... mas isso é normal e tu msmo estás a espera disso... Só que alem das saudades vais sentido outras emoções que vais vivendo aí... Vais crescer, ver o mundo!! E quando chegar a altura certa regressas para "matar" as saudadees todas :)
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