quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Controlo de emigração - quem precisa dele?

O que melhor para começar uma viagem à volta do mundo do que ficar em casa??? Era o que quase me ia acontecendo. Confundidos? Passo a explicar. Quinta-feira, de manhãzinha, lá vou eu todo contente até ao aeroporto para apanhar o avião. Quando chego ao check-in, ainda antes de entregar a mochila (e a minha casa para o próximo ano), uma senhora simpática pede-me o passaporte e começa a fazer-me algumas perguntas. Para onde vou, quanto tempo... e eis que chega a uma que (...) deu barraca!:
-Então e bilhete de saída, tem?
-Bilhete de saída? Não, vou sair pela fronteira terrestre através do México.
-Ah, ok, então não há problema. Então e bilhete de saída do México?
- Bilhete de saída do México? Também não, vou seguir sempre por terra em direcção à Guatemala ou ao Belize.
E foi aqui que a coisa se começou a complicar:
-Isso é que não pode ser. Para o deixar embarcar precisa de ter um bilhete de saída dos EUA ou de qualquer país adjacente (leia-se México, Canadá ou Bahamas).
-Não tenho. Vou dar uma volta ao mundo maioritariamente em autocarro e comboio, por isso não tenho bilhete de saída. Então e agora?
Bem, gerou-se a confusão! Porque sem bilhete eu chegava aos EUA e deportavam-me e como tal eu pagava uma multa e a companhia de aviação também. Como bom português que sou disponibilizei-me logo para ir a correr reservar um bilhete através da net e imprimir o comprovativo (que é a unica coisa que eles precisam). Mas se eu fosse fazer isso o check-in encerrava e eu já não embarcava. Supervisor ao barulho, muita dúvida e muita conversa e ele lá me deixou fazer o check-in, colocando uma restrição à bagagem cujo embarque ficava bloqueado até ele dizer. Entretanto depois disso fomos à procura de um acesso à net para, à frente dele, reservar um bilhete, lhe mostrar a impressão e para ele desbloquear a bagagem. Enfim, um filme só para me meterem no avião!
Ainda me hão-de explicar o porquê dos EUA terem de saber e dominar tudo. Porque razão não poderia eu seguir até à Guatemala sempre por estrada. Quando cheguei a casa contei o episódio aos americanos que cá moram e nem eles acreditavam. Que era uma estupidez e que os EUA não tinham o direito de fazer isso.
Ao chegar ao lado de cá do oceano, imigração. Tudo muito bem, passaporte, impressão digital (indicador esquerdo, indicador direito), fotografia, até que começa a conversa:
-Quanto tempo cá vai ficar?
-1 mês
-A que se deve a sua visita?
-Venho visitar uma amiga.
-Então e o que é que faz?
-Trabalho numa empresa de consultoria. A Deloitte.
-Não conheço.
-É americana acrescento eu.
-Presumo que tenha bilhete de volta?
-Tenho.
-Posso ver?
-Claro - mostro-lhe o bilhete.
-Se bem estou a perceber aqui diz que volta no dia 24 de Dezembro (o dia para que tinha comprado o bilhete). Isso são dois meses.
-Sim, mas aí também diz que eu vou sair da Cidade do México. Vou estar nos EUA um mês, o outro é para andar no México.
-Ah. Estou a ver. Então o seu patrão deu-lhe 2 meses de férias?
Confesso que aí começei a sentir as pernas a tremer, já me estava a ver recambiado para casa e a ser o feliz protagonista da volta ao mundo mais rápida da história!
-Sim, deu.
-2 meses?
-Sim!
-Hum, - não muito convencido - está bem. Então e quantos volumes de bagagem é que trás?
E eu: -Um.
-Então para dois meses trás apenas 1 mala?
Desculpa à pressão: -Tenho que viajar leve porque vamos até ao México de autocarro e por isso não posso ir muito carregado.
Bem, lá me mandou um outro "Estou a ver". Ainda me desejou boa sorte, devolveu-me o passaporte e lá me deixou seguir caminho.
Mas que grande UFF que eu mandei quando saí dali.
Depois foi tranquilo: apanhar um autocarro para o centro da cidade (15$), sair na Port Authority, e descer a pé pela Broadway até à 28th, onde liguei à minha anfitreã para me ir buscar.
Comprei um passe de 7 dias para o metro (25$) e vim deixar as coisas a casa Williamsburg - Brooklin. Muito giro. Entro no metro em Manhattan em que é só prédios altos saio do outro lado onde é só prédios de 2, 3 ou 4 andares, ruas mais espaçosas e onde o sol ainda entrava.
Já demos uma voltinha aqui no bairro para eu me ambientar e ver se consigo dar com a casa sozinho. Parece-me uma zona muito boa. Muito perto de Manhattan (atravessar a Brooklyn Bridge) e muito calma. Já tive oportunidade de ver o skyline de Manhattan iluminado à noite deste lado do rio. Muito bom! É como ter um ecrãn panorâmico, um IMAX gigante mesmo à nossa frente.

Hoje como foi só para dar uma voltinha de habituação ainda não levei a máquina, mas por estes dias corrijo essa situação.

5 comentários:

  1. hehe eu avisei :)
    enjoy nyc
    kiss kiss

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  2. Hello!
    Quando falei contigo ao telefone e me disseste "eles querem dominar o mundo!" pensei: coitado do rapaz, afinal nem precisou de deixar Lisboa para perceber o quão obtusa aquela gente é. lol.
    Acho que vais gostar muito de NY. É uma cidade que nunca não enjoa

    Beijinho para o escuteiro mirim que leva fio de sisal parar dar a volta ao mundo no século XXI:)

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  3. Então começaste logo com uma prova à tua vontade de entrar nesta aventura?!

    Como diz o velho ditado chinês "Se apontares para a lua, não fiques a olhar para o dedo" e vejo que estás mais que preparado e com mais vontade do que nunca!(o blog é prova!)
    Vão haver com certeza muitas mais peripécias e estarei deste lado a "acompanhar" cheio de inveja...desculpa não ter ido ao aeroporto dar um último "até breve" mas foi difícil fugir a rotina naquela manhã!

    Boas descobertas e explorações!

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  4. Grande aventura miudo!!! lol!!
    E esse foi so primeiro dia, imagino um ano de aventuras!!! Bem vai dando notícias para continuarmos a par das peripécias! =)

    Beijinhos!!
    Marta

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  5. Bom início... mas prepara-te que muitos interrogatórios terás ainda pela frente.

    Não são só os EUA que pedem bilhete e saída, países como Israel e Venezuela adoptam as mesmas medidas.

    Abraço

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