sábado, 4 de abril de 2009

Cataratas do Iguacu

Antes de mais, tal como o fizeram publicamente, deixem-me, publicamente tambem, agradecer os votos de parabens que enviaram.

Perto da fronteira entre tres paises, Paraguai, Argentina e Brasil, existe uma area protegida que tem umas das vistas mais espectaculares do mundo.

O Parque Nacional Iguazu/Iguacu (depende se estamos na Argentina ou no Brazil) e uma area protegida e que engloba nao apenas as cataratas, mas uma extensa porcao de selva e biodiversidade, casa de diversas especies de aves, mamiferos, repteis e insectos.

Quanto as Cataratas, qualquer tentativa de descricao ficara muito aquem da experiencia real de estar la e sentir a forca da agua. Especialmente quando estamos defronte da Garganta do Diabo, uma queda de agua com 82 metros de altura e uns 150 de largura. Este numero depende da epoca da visita. Quando la estive, nem era epoca das chuvas nem epoca seca, estava "composta". No entanto vi numa exposicao fotos das cataratas nestes dois momentos e se num ano de seca record parece que se podem atravessar a pe, num ano de chuva record, parecia que algumas cataratas desapareciam submergidas pelo volume de agua! Impressionante.

Aparentemente as cataratas tem o maior volume de agua medio de qualquer catarata do mundo.

Tal como li em qualquer lado "As cataratas do lado brasileiro veem-se, mas do lado argentino vivem-se" e a verdade e mesmo essa: do lado brasileiro e possivel obter grandes panoramas das cataratas, de ver uma grande quantidade delas e ter uma ideia da extensao destas. Do lado argentino, ouve-se o trovejar de milhoes de litros a desabarem aos nossos pes, sente-se o vapor de milhares de particulas que a propria forca da agua faz ascender, observa-se a uma distancia muito curta a protuberancia que, coberta por uma neblina branca, impossibilita a visao das rochas afiadas no fundo. Sente-se correr a adrenalina. Recomendo a quem faca esta visita que va primeiro ao lado brasileiro e depois ao argentino (embora algumas pessoas com quem troquei esta opiniao tenham-me dito exactamente o contrario).

Como e sempre dificil a descricao de algo dinamico, fica o post com maior numero de videos ate a data.

O animalzinho que se ve de cauda no ar e um simpatico coati que andava a esgravatar o solo a procura de comida.

Finalmente, desafio os leitores que ja visitaram este local a deixar a sua opiniao e experiencia sobre o mesmo



quarta-feira, 1 de abril de 2009

Uyuni

Seguiu-se um tour de 3 dias atraves do Salar de Uyuni, lagoas altiplanicas e desertos.

Depois de devidamente carregado o jipe com as bagagens, 2 grandes jarricans com gasoleo (ha que garantir a autonomia dos proximos 3 dias), pneu suplente, bilha de gas, fogao e trem de cozinha, e os passageiros, la iniciamos a expedicao.

Comecamos na cidade de Uyuni, onde existe um grande ramal de caminhos de ferro, que serve como ligacao entre La Paz e Potosi (Bolivia), Calama (Chile) e Vilazon (Argentina). Este sistema ferroviario servia como principal transporte para a exportacao dos minerios extraidos em Potosi, principalmente quando a Bolivia tinha acesso ao mar (territorio perdido para o Chile durante a Guerra do Pacifico - argumento amplamente utilizado pelos bolivianos como forma de justificar parte da sua estagnacao economica).
Primeira atraccao e uma visita ao cemiterio de comboios, onde velhas locomotivas e carruagens vao enferrujando a pouco e pouco, ja depois de terem sido vitimas de um extenso processo de reciclagem/pilhagem.
Segue-se um passeio ate Colchani, onde vemos como e feita a extracao, secagem e embalamento do sal do Salar de Uyuni, a maior superficie continua de sal do mundo. Embora apenas os primeiros 5 a 10 centimetros superficiais possam ser utilizados para consumo humano, a concentracao e tal que o sal chega a atingir profundidades de 70 metros. Para evitar a contaminacao e poluicao do salar, a extracao e totalmente manual, nao sendo permitida maquinaria pesada, excepto os camioes de transporte. O sal que se encontra a maiores profunidades encontra-se fortemente compactado e por isso e possivel corta-lo em forma de blocos, a semelhanca dos blocos de gelo utilizados para construir iglos, os quais sao utilizados em diversos edificios. Em Colchani existe um museu de sal com diversas esculturas e artesanato.
Saimos em direccao ao "infinito" branco fazendo algumas paragens para tirar fotos junto aos montes de sal. Ao fim de alguns quilometros e aparentemente do nada, num piso plano, sem buracos ou objectos no sal, conseguimos um pneu furado. Devo andar ca com uma sorte!!! Aparentemente sim, porque o condutor/guia/mecanico disse-nos que um furo no salar costuma ser muito mau, com carros a capotarem e a incendiarem-se (imaginem, com o combustivel e o gas que levam).
Paragem para almoco numa das ilhas do salar. A formacao do salar deu-se com o movimento das placas tectonicas que aprisionaram um enorme volume de agua do oceano e depois o elevaram ate a sua actual altitude. A falta de precipitacao e o forte sol do planalto andino levou ao evaporamento desse lago e ficou o sal como testemunho. No salar existem varias ilhas de vegetacao escassa, principalmente cactos, e por vezes com algumas estruturas de apoio.
A noite fomos dormir num hotel de sal, feito com os blocos que anteriormente referi, mas ainda houve tempo para ir ver o por do sol reflectido na agua do salar.
Aquando da minha visita apanhei o salar parcialmente inundado, com uma camada de alguns centimetros de agua. Devido ao ar seco e ao ceu limpo que se faz sentir durante grande parte do ano, bem como a pouca profundidade da agua e a inexistencia de vento, a superficie do salar transforma-se num espelho nitido, reproduzindo perfeitamente o ceu, as montanhas, e todos os elementos da paisagem, com uma distorcao minima - este poder de reflexao e utilizado para calibrar satelites colocados em orbita, sendo mais exacto que a superficie do oceano.

No dia seguinte, depois de acordarmos bastante cedo para vermos o nascer do sol, dedicamo-nos, maioritariamente, a ver as lagoas altiplanicas, salpicadas de flamingos. A paisagem, em redor, e marcada por inumeros vulcoes, grande parte dos quais extintos e com os cumes cobertos de neve. Depois de uma manha de ceu limpo, eis que da parte da tarde surge uma agradavel surpresa, um nevao! E verdade, comecou a nevar enquanto estavamos a atravessar um deserto de cascalho, rumo ao Arbol de Piedra (arvore de pedra). Quando la chegamos, para alem das fotografias a arvore, ainda aproveitamos todos para atirar umas bolas de neve uns aos outros.
A noite ficamos a dormir junto a Lagoa Colorada, dentro de um Parque Natural, numas instalacoes ainda mais duvidosas que as da noite anterior.

Terceiro e ultimo dia, acordamos ainda mais cedo, por volta das 4h da manha, muito antes de o sol nascer. Saimos por volta das 5h em jejum, e vamos visitar um campo vulcanico. Ve-mos um gueiser (eles assim o chamam, para mim nao passava de uma fumarola) que de forma continua libertava uma coluna de vapor. Alguns de nos ainda decidem saltar por cima dele (como quem salta a fogueira), o que dava calorzinho muito bom ao corpo, embora o cheiro a enxofre (semelhante a ovos podres) nao fosse dos mais agradaveis. Houve ainda tempo para vermos mais alguns indicios geotermais como lama em ebulicao. Seguimos viagem ate mais uma lagoa altiplanica em que havia uma nascente de agua quente a 38ºC, e onde ja tinham criado um recinto semelhante a uma piscina. Excusado sera dizer que cerca de 80% dos turistas se enfiaram la dentro de molho. A temperatura exterior deveria rondar os 4 ou 5ºC e entrar naquela agua quente, ate doeu! Mas estava-se bastante bem la dentro. Pior mesmo foi para sair, para o frio: sair a correr, limpar a correr, vestir a correr, e correr para dentro de uma casa de apoio em que finalmente tomamos o pequeno almoco (bem, alguns de nos). Finalmente fomos ver uma ultima lagoa e deram por terminado o tour. Nessa altura troquei de veiculo para um em que os ocupantes iam ate ao Chile, para seguir viagem por Atacama. Quem nao ia para o Chile, voltava para Uyuni, numa viagem de 8h, so com uma paragem para almocar.

Foi um passeio de turista, a compra de um pacote com tudo incluido, mas tendo em conta que era a unica forma de poder ver o que vi e de estar onde estive, foi um bom investimento.

Este e o ultimo post da Bolivia, um pais que, a partida, ninguem da nada por ele, mas que, como podem confirmar, tem muitos atractivos para conhecer. Adicionalmente, pessoas humildes, autenticas e simpaticas, costumes e cultura, aventura (especialmente nas estradas) e precos ridicularmente baixos podem valer bem a pena para umas ferias fora dos circuitos portugueses tradicionais.

(As fotos aparecem pela ordem inversa a que foram tiradas e devem ser vistas, cronologicamente, da ultima para a primeira)

A Lagoa Verde, do ultimo dia
O tal Geiser (que, continuo a dizer, para mim e uma fumarola)
O Arbol de Piedra, sao rochas erodidas pela accao do vento (veem os flocos de neve a cair?)Vicunhas - primas mais pequenas dos lamas e das alpacas, cujo pelo fino e bastante apreciado pela industria textil, o que quase levou a extincao da especieFlamingos
Estas sao do por do sol no Salar inundado. Bonitos reflexos, nao?Parte seca do SalarHotel de salCemiterio de comboiosEm Uyuni