sábado, 14 de fevereiro de 2009

Um oasis no deserto

Este post ja vai um pouco desactualizado, mas como ja o tinha escrito, o melhor mesmo e adiciona-lo.

Desde que saimos de Chiclayo que entramos na Panamericana, rumo Sul, ate Lima.
Quando acordo dou por mim rodeado de um lado e outro por um deserto castanho de areia e cascalho e com o Oceano Pacifico do meu lado direito. Os marcadores da estrada indicam que faltam mais de 300 km’s para chegarmos a Lima.
Durante todo este percurso, a paisagem em nada se altera. Mesmo quando chegamos a povoacoes limitrofes de Lima: sempre deserto, sempre castanho, sempre areia e cascalho, sempre feio, de forma geral.

Em regra, ao longo desta viagem, tenho evitado grandes cidades pois ja se sabe que coincidem com os maiores focos de violencia e criminalidade. No entanto esta vinda a Lima era quase obrigatoria.

E ainda bem que assim foi.

Ao contrario do que estava a espera, encontrei uma cidade bastante cosmopolita e moderna. Ok, os carros sao velhos, conduzem de forma: “olha um espaco, acho que consigo caber aqui e passar”, mas o centro de Lima esta muito bem cuidado. Uma cidade cheia de vida, com pessoas na rua, bares, restaurantes, cafes...
Os edificios iluminados, arranjados, pintados, agradaveis a vista, bastante seguranca nas ruas, a noite ha equipas de pessoas a varrerem, a lavarem, a limparem...
Surpreendeu-me imenso e pela positiva. Vim por estes dias a descobrir tambem que esta mudanca e recente. Foi apenas com o novo alcaide que se verificou esta transformacao (ha coisa de 6, 7 anos a esta parte).

Adicionalmente, encontrei um sitio onde ficar que e espectacular - Hostal Espana.
Recomendo vivamente.
Uma casa antiga, colonial, com tectos altos, jardins interiores, com 3 ou 4 pisos (depende de como for considerado, nao consigo precisar), lustres no tecto, muita madeira: soalhos, escadas em caracol, corrimoes, moveis, portas. E que depois esta decorada com imensos espelhos, pinturas, estatuas, bustos, plantas e ate animais (pelo menos contei uma gata com a sua ninhada de 3 ou 4 gatinhos, uma cadela, 3 papagaios, 1 arara e ate 2 velozes tartarugas que nao param quietas e andam sempre de um lado para o outro.
Outro ponto forte e ter agua quente (mesmo quente) e com pressao, coisa que nao coincide muito nestes paises. Ontem tomei um duche, mas um senhor duche. Ja nao tomava um destes desde os EUA! Hehehe.
Esta muito bem localizada, junto a Plaza de Armas (Plaza Mayor) que e tambem onde mora o presidente da republica (dai o haver bastante seguranca), e fica bastante barato para aquilo que oferece: 14 soles, aproximadamente 3,5 euro por noite num dormitorio (ou 5 dolares).

De todos os sitios onde ja fiquei instalado ate hoje, sem contar com casas particulares, de todos os locais em que tive que pagar para dormir, sem duvida que este e um dos mais giros, ligeiramente abaixo de uma pousada da juventude em que estive na Escocia que era num castelo (para quem ficou com curiosidade, Carbisdale Castle, perto de Inverness). Desta viagem e sem duvida o eleito ate ao momento.

Lima

Hostal Espana

Kuelap

Acordo para um dia de chuva. Esteve a chover toda a noite e vai continuar durante todo o dia, parando apenas por volta das 17h. Entretanto sai de Tingo por volta das 10h para iniciar a caminhada de 10km ate as ruinas. Sempre debaixo de chuva, sempre a testar o terreno, sempre a derrapar na lama, sempre a tentar contornar as pocas...
Foi uma subida que me custou bastante, e eu sei porque: (1) porque estava a chover e estava tudo cheio de lama e pocas, era preciso avancar com cautela, (2) porque nos ultimos 10 dias (ou mais) tinha estado fechado num barco em que a media diaria percorrida deveria rondar os 1 ou 2 km’s, e principalmente, (3) porque desde Manaus ate Yurimaguas, o tempo todo que estive a subir o rio, a altitude maxima deve rondar os 400 metros, e de repente estava em Tingo a uma altitude de aproximadamente 2335 metros acima do nivel do mar, e a subir para Kuelap que fica a 3050metros, por isso nitidamente que o soroche estava a marcar presenca. A subida que, diz quem sabe, demora cerca de 3 horas, levou-me 4 penosas horas, por isso cheguei la acima ja depois das 14h.
Pelo caminho cruzei-me com pessoas por 3 ocasioes. Todos eles iam a descer a caminho de Tingo, nao me cruzei com ninguem que fosse tambem a subir. A primeira, ainda bastante perto de Tingo, com 2 homens que gozaram o facto de ter atado sacos de plastico em volta dos tenis para que estes nao se molhassem (esta nitido que isto foi mesmo muito ao principio, numa tentativa de adiar o inevitavel – sujar sapatos, molhar pes). A segunda, sensivelmente a meio do caminho, cruzei-me com 3 rapazes que iam a cavalo por ai abaixo. A terceira, uma meia hora antes de chegar a Kuelap, com um casal de peruanos, professores, em que a desgracada da mulher tinha escorregado numa pedra, a costura dos tenis nao aguentou e descoseu-se, ficando sem sola. Coitada la ia com o pe no chao.

Vi as ruinas que sao espectaculares. E incrivel a quantidade de pedra que transportaram la para cima. E preciso ter em conta que a fortaleza foi contruida antes da chegada dos espanhola, e por isso, antes da introducao de cavalos naquela zona. As muralhas chegam a ter 20 metros de altura e 600 metros de extensao. Ha quem diga que tem o triplo do volume de pedra do que aquele que foi utilizado na construcao das piramides do Egipto. Das casas, apenas uma foi completamente reconstruida para o turista ter a ideia de como teriam sido, mas depois ha imensos muros de cerca de 30 cm que identificam claramente a localizacao delas. Curiosa, e ainda algo enigmatica, e a existencia de uma construcao em forma de cone invertido que, por ser mais estreito em baixo do que em cima, constituiu sem duvida um desafio de construcao. No entanto, e embora a regiao de Chachapoyas disponha de elevado potencial de atraccao turistico devido a quantidade de ruinas e monumentos que tem para oferecer, estes ainda nao sao do conhecimento do grande publico, tal como fica demonstrado no numero de acessos a Kualap: 10 mil turistas em 2005, 11 mil em 2006, cerca de 14 mil em 2007 e 17 mil em 2008.

Depois de andar la dentro cerca de 2h30, e de finalmente ter parado de chuver, ainda voltei atras para re-tirar algumas fotos.
Iniciei a descida cerca das 18h, sabendo que em media, com tempo seco, se demora cerca de 2 horas a descer e que as 19h anoitecia. Esta bonito, portanto.
Comecei a descer rapidamente, tentando aproveitar ao maximo a luz do sol. Claro esta que a pressa deu origem a duas valentes escorregadelas na lama, que contribuiu ainda mais para a minha camuflagem! Metade do caminho foi feito ja de noite, felizmente tinha previsto esta possibilidade e tinha levado a lanterna, se assim nao fosse acho que nao conseguiria la chegar, com pedras, lama, degraus, pocas, curvas e mais curvas... mesmo assim cheguei a Tingo por volta das 20h15. Acho que ate foi um bom tempo, considerando as condicoes do terreno e o facto de ser de noite. O caminho de volta a Tingo, fi-lo todo sozinho, sem ver uma unica alma (nem uma alma penada!!!).


Inicio do percurso, em Tingo

Entrada da fortaleza. Benvindos a Kuelap
Incrivel a dimensao e altura das muralhas Escada de acesso ao interior
A certo ponta altura a entrada e tao estreita que apenas cabe uma pessoa de cada vez


Interior das muralhas. Cidadela fortificada
O vizinha, tem um raminho de salsa que me dispense?
Castelo, no interior das muralhas
Alguns baixos relevos encontrados nas pedras
Os ultimos habitantes de Kuelap
Este foi o caminho que me esperou...
No fim do dia, depois de dois tombos. Cansado, mas com o sentimento de dever cumprido

Corrida contra o tempo

So para terem uma ideia da complexidade que e viajar nestes paises: o tempo, o esforco, os precalcos, a incerteza... faz tudo parte da viajem.

2ª feira dia 9 de Fevereiro
Chegado a Yurimaguas, tinha os meu dias bem contados para ir ver as ruinas de Kuelap e estar em Lima na sexta-feira, ou sabado o mais tardar, por isso nao havia tempo a perder.
De Yurimaguas apanhei um autocarro com destino a Tarapoto. Logo ai primeiro contratempo: a estrada esta em obras e por isso esta fechada entre as 8h e as 18h. Por isso, embora chegue a Yurimaguas as 12h (a hora prevista era as 5h ou 6h da manha, mas com avarias e tudo...) tive que esperar ate as 16h para podermos arrancar. Mesmo assim ainda estivemos um bom bocado parados a espera das 18h para podermos avancar. Depois disso chegamos a Tarapoto cerca das 20h e ja nao havia autocarros para Chachapoyas, a proxima paragem, por isso tive que ficar ai a dormir. Antes disso, fui perguntar a que horas havia autocarros para Pedro Ruiz (porque de Tarapoto nao ha directos para Chachapoyas, e necessario mudar em Pedro Ruiz) e comeca a festa. Uns dizem que ha a todas as horas, outros dizem que nao. E depois os horarios tambem divergem, uns dizem 5h da manha, outros as 7h, outros as 8h, e por ai fora abrangendo os horarios das 12h, 13h, 14h, 16h, 18h, 20h e 23h. Bem, isto ja nao me interessava para nada. Eu queria ir bem cedo. Como tambem ninguem me sabia dar a certeza de a que horas e que havia autocarros so havia uma solucao: acordar “muy temprano” e ir para a rua das agencias de camionagem perguntar horarios e ver disponibilidades.

3ª feira dia 10 de Fevereiro
Acordo as 6h e antes das 7h ja la estava, infelizmente e mais um dia em que amanhece a chover (e com forca!). Vejo apenas entre duas das maiores agencias que ficavam lado a lado, e entro num autocarro que estava de partida. Mesmo assim o ve de um lado, compara com o outro, tenta negociar no primeiro, tenta rebater no segundo e quando entrei no autocarro ja ia a escorrer agua. Mas muito bem, ja estou dentro do autocarro e la vou eu em direccao a Pedro Ruiz.
Chegado a Pedro Ruiz, por volta das 15h ha que sair do autocarro e ir para um taxi colectivo. Exacto, em vez de chamarem um taxi e de so la irem dentro voces e o taxista, aqui o taxi parte quando estiver cheio (o que varia entre os 4 passageiros + chauffer, e os 7 passageiros + chauffer, depende do numero de criancas que eventualmente la vao dentro, ao colo dos pais). Ja la estava um desgracado a dormir dentro do taxi que me disse que estava a espera a cerca de 1h. Pouco depois apareceram 2 mulheres e uma crianca e ai sim, estavamos prontos para seguir viagem.
Saimos de Porto Ruiz e, chegados perto do cruzamento onde parte o trilho de acesso a catarata de Gocta (a terceira mais alta do mundo), outra estrada em obras, aberta apenas entre as 17h30 e as 6h e das 11h as 12h. La esperamos nos mais 45 minutos ate que a estrada seja novamente aberta. Nessa altura, em conversa com o motorista digo-lhe que o meu destino final nao e Chachapoyas, mas Tingo, a povoacao onde se inicia o trilho para subir ate Kuelap. Diz-me que aquelas horas ja nao ha carros para Tingo, que terei que ficar a dormir essa noite em Chachapoyas e que entao na manha seguinte poderei ir. Retomamos o caminho. A estrada passa debaixo de um meio tunel escavado na rocha em que, mesmo ao lado, corre um rio com caudal e velocidade algo violenta. Ha tambem diversos aluimentos de terra e rocha ao longo da estrada, que bem que precisa de manutencao. Entretanto vamos a subir o monte, quase a chegar a Chachapoyas, quando o nosso taxista comeca a fazer sinais a um carro que vem em sentido contrario. La lhe pergunta se vai para Tingo e se tem espaco para mais um. Rapidamente mudo de veiculo no meio da estrada, enquanto agradeco e pago ao taxista e corro para o novo transporte que acontece ser o alcaide de Tingo, que tinha ido as compras a Chachapoyas. La me enfio no banco de tras do carro, com uma enorme saca de batatas no meio das pernas, a mochila em cima da saca e o braco apoiado em cima dos ovos! Conforto? Isso e para quando tiver 50 anos! La seguimos em direccao a Tingo. Chegados la, e ainda eu nao tinha saido do carro, ja o homem me esta a pedir os 8 soles da viagem. Nao e que nao os mereca, de qualquer maneira eu ia perguntar se lhe devia alguma coisa da viajem ou nao, mas ele e o alcaide. Tem alguma necessidade de ir logo a ganancia, ainda antes de eu ter saido do carro, pedir o dinheiro da corrida? Paguei, mas confesso que fiquei um pouco chateado com a situacao. Entretanto ja estou em Tingo! Cheguei por volta das 20h! Festa! Afinal consegui chegar ainda no proprio dia!!!
Fui a procura de sitio onde ficar e encontrei uma hospedaria muito castica, com o pavimento em madeira, e com uma velhota que me fez lembrar a minha avo quando era mais nova (por causa do cabelo que era mais escuro, e que na minha avo agora esta branco). A cama era de madeira e rangia um pouco e havia umas mantas muito pesadas e quentes, com aquele tipico cheiro a mofo de quando uma casa esta fechada e que, mais uma vez, me vez recordar um misto da casa da minha avo com a casa de Monsanto do Tiago, boas recordacoes portanto. La me indicou um quarto e, tenho de acrescentar, tive uma das melhores noites da minha viagem. Sem barulho de pessoas a entrarem e a sairem do quarto (quando fico em dormitorios), ou dos quartos ao lado (so la estava mais um casal no andar de baixo), sem o barulho dos carros, das motas e dos motocarros na rua... foi espectacular. Dormi mesmo bem.

Adiante, no dia seguinte (4ª feira dia 11) fui e voltei de Kuelap (fica para outro post, este e so sobre as viagens).

5ª feira dia 12 de Fevereiro
Quando acordei no dia seguinte a regressar de Kuelap, estava na altura de iniciar a viagem ate Lima. Com os tenis todos molhados la apanhei um taxi colectivo em Tingo para Chachapoyas. Digo ao condutor que quero ir para Lima ao que ele me informa que o autocarro que vai para Lima ja saiu, que a opcao que me resta e apanhar um autocarro para Chiclayo e depois dai apanhar outro para Lima. Esta bem, se tem de ser assim sera. Entretanto vamos na estrada, e estamos quase a chegar a Chachapoyas quando, vem na direccao contraria o autocarro que vai para Lima. Ele faz-lhe sinal de luzes e buzina e poe o braco de fora e o autocarro la para. “Tem lugar para mais gente?” “Quantos sao?” “Um” “Tem bagagem?” “Apenas uma mochila” “Venha”. E la esta: mais uma vez, no meio da estrada, trocar do taxi para o autocarro. Resultado: por duas vezes que quase fui a Chachapoyas, que e a cidade de passagem (quase) obrigatoria para ir para Kuelap, Tingo, Pedro Ruiz ou Lima, e por duas vezes que nao a vi. Acabei por me vir embora sem ter ido a Chachapoyas.
Entretanto, pouco depois de entrar no autocarro comeca a chover, situacao que se ira verificar durante todo o dia.
So para localizar-vos um pouco melhor, Chachapoyas fica nos andes, mas no departamento da Amazonia (voltado a este, portanto) e o trajecto que o autocarro fez foi subir a cordilheira andina, e descer para o lado oeste, ate a costa.
Uma grande parte do percurso inicial foi feita ao longo de um rio. Esta estrada tinha bastantes aluimentos de terra de ambos os lados, fosse do lado da montanha, fosse do lado do rio. Muitas vezes a propria estrada tinha sido levada tambem. Passamos por varios riachos que atravessavam a estrada. Alias, num destes sitios, ao passarmos por cima de um ribeiro, havia uma bifurcacao em que os veiculos ligeiros passavam numa ponte, os pesados (onde se inclui o autocarro) tinham que atravessar a levada, num local que devia ter cerca de 30 metros de comprimento e uns 30/50 centimentros de profundidade, mas um ribeiro com uma corrente bastante forte.
Atencao que, pode nao parecer, mas as estradas estao, regra geral, em boas condicoes. Maior parte delas foram recentemente asfaltadas, so pontualmente e que se tem de atravessar um bocado de gravilha ou de terra. Ha muitos aluimentos, mas a estrada e rapidamente limpa. Helculeo e tambem o esforco de tentar controlar o leito do rio colocando nas margens cestos de rede de arame cheios de pedras, de modo a evitar novos deslizamentos.

6ª feira dia 13 de FevereiroLa chegamos a Chiclayo a meia-noite onde jantamos dentro do autocarro logo a caminho de Lima, onde chegamos no dia seguinte (para todos os efeitos ontem, sexta-feira) cerca das 12h.

Objectivo alcancado!
Sempre a abrir, nao?
Pneu suplente, cachos de bananas, galinha. Sim, estamos prontos para a viagem!
O almoco esta servido, frango com mandioca numa folha de bananeira
Ja que e para esperar ate que a estrada abra, ao menos esperamos em estilo! Pode ser que de uma ideia nova aos camionistas portugueses

Mais um aluimento de terra para cima da estrada

Um dia ainda aqui vai passar uma auto-estrada

Este e o meio tunel que atravessei. E uma pala natural para proteger do sol! E o rio esta logo ali ao lado

Portanto, a estrada continua do outro lado do ribeiro!!! Sim, vamos atravessar aqui mesmo...

Ali ao lado e possivel atravessar sem molhar os pneus. Que maricas! Ve-se logo que nao tem carta de pesados!

Este e o aspecto do ribeiro que estamos a atravessar visto de cima. Ainda tem alguma corrente, nao acham???....

Medidas extremas para controlar o leito dos rios. A area mais escura onde os trabalhadores estao sao os cestos de rede de arame cheios de pedras, alias estao a encher alguns

Amazonas - parte 2

Heis-me de volta.
Depois de chegar a Tabatinga andei a procura de forma como proseguir para Iquitos, ja dentro do Peru. Tabatinga, tal como tinha referido faz fronteira terrestre com Leticia, Colombia, e com Santa Rosa, Peru, do outro lado do rio.
Entao, depois de no lado brasileiro ter obtido genericamente informacoes sobre os barcos que subiam o rio, fui ate a Policia Federal do Brasil, para que me carimbassem a saida do pais. Assim foi. Depois enfiei-me num pequeno barco e atravessei para Santa Rosa. Ai queria carimbar o passaporte com a entrada no Peru, mas nao estava ninguem na emigracao. Uma vez que os barcos para Iquitos partiam de Santa Rosa la fui aprofundar as condicoes dos mesmos. Regressei ao lado brasileiro, de onde ja tinha oficialmente saido, e ainda fiquei a dormir ai mais uma noite. No dia seguinte entao e que volto a Santa Rosa e finalmente consigo o carimbo que preciso. Compro o bilhete para o barco do dia seguinte. Sai as 4h da manha hora brasileira, 3h hora do Peru.
Esta viagem foi feita num barco rapido e foi extremamente desagradavel. A comecar pela hora da partida, depois porque dentro do barco vai um barril de 200 litros de gasolina para alimentar o enorme motor e e um pivete la dentro que ainda nao tinhamos saido ja eu estava enjoado!!! Depois porque o barco era bastante pequeno, o que nao permitia andar de um lado para o outro. Baloicava bastante o que impossibilitava a leitura, fazia muito barulho e vibracao o que dificultava muito o dormir (ainda consegui passar pelas brasas no inicio da viagem, mas depois revelou-se impossivel). Finalmente, os bancos que eram iguais aqueles bancos corridos dos autocarros muito antigos (aqueles ainda do tempo da Rodoviaria Nacional, para quem se lembra), estavam tao gastos que estavamos sentados em cima de uma tabua de madeira, a certo ponto tive que colocar o colete salva-vidas debaixo do rabo para poder ter um pouco mais de conforto/amortecimento. 12 horas nesta brincadeira, nao foi facil. Chegado a Iquitos estava feito num oito.
De Iquitos, que para quem nao sabe e a maior cidade do mundo inacessivel por via terrestre, apenas aerea ou maritima (neste caso fluvial), estava a espera de encontrar outro barco rapido que, em mais 12 angustiantes horas, me levasse ate Yurimaguas, o local onde finalmente existe estrada. Acontece que nao, nao ha barcos rapidos de/para Iquitos para/de Yurimaguas. Mais uma vez tinha que tomar a unica solucao possivel, o barco lento.
Pois e, acontece e que o peruano nao e igual ao brasileiro e isso notou-se a diferentes niveis. Logo a comecar pelo barco, muito mais velho, com menos condicoes e mais sujo de uma forma geral, depois a organizacao da tripulacao tambem era bastante menor, com o processo de entrada e saida de mercadorias no barco ate a hora da partida (e ate mais do que isso pois estava previsto sairmos as 17h e acabamos por sair as 19h)...
Ao longo da viagem tambem me fui apercebendo de algumas diferencas entre os povos. Enquanto que o brasileiro fica quase o tempo todo da viagem a baloicar na sua rede, o peruano prefere andar pelo barco, se um lado para o outro. O peruano tambem e um tanto ou quanto mais porco, pois em diversas ocasioes vi homens e criancas a urinarem do bordo do barco, ao invez de utilizarem as casa de banho, situacao que apenas presenciei uma vez no lado brasileiro.
Fora isso:
  • a comida permanece semelhante (frango e arroz),
  • tambem ha baratas a bordo (e ate a minha almofada vao ter),
  • continua-se a ouvir musica em altos berros (embora o idioma altere),
  • as redes sao mais que muitas e de todas as cores (inclusive padrao camuflado),
  • os barcos continuam a avariar (esta deve ser destino, quando estavamos a sair de Lagunas, no dia da vespera de chegarmos a Yurimaguas, um tronco atravessou-se debaixo do helice e nem para a frente nem para tras. La vamos nos a deriva rio abaixo. Dentro do navio, panico geral, toda a gente a correr para ir buscar e colocar os coletes salva-vidas como se ja estivessemos todos condenados (acho que ainda cheguei a ouvir umas oracoes enquanto andava la de um lado para o outro) - nao percebo como e que a maioria destas pessoas que mora junto ao Amazonas, tem cheias anuais, e que mesmo assim nao sabe nadar! La poem uma lancha na agua e va de empurrar o barco para a margem. Chegados a margem querem prender o barco a umas arvores mas que estavam rodeadas de vegetacao alta. Pedem uma catana. Mais uma vez, nao percebo como e que um barco que navega no rio e quando esta sujeito a que aquilo aconteca com uma certa frequencia, ou ate por outros motivos mais sinistros, nao tenha uma catana a bordo. Pior, dos 200 passageiros que iam a bordo, parece que so o estrangeiro, o turista portugues e que tinha uma catana. Devem ter ficado a pensar que eu era algum tipo de Indiana Jones. La se amarrou o barco (esta e para os marinheiros que acompanham estes relatos) com o que? Cabos de nylon??? Nao que se podem romper. Isto e o Peru, aqui a navegacao e feita com cabos de aco!!! Daqueles bem macios e flexiveis, ideais para fazer um no em qualquer lado!!! Bem, e so gente doida. Depois de estabilizado o barco a atencao virou-se para os mergulhadores que estavam a tentar, com um cabo (este sim de nylon) da grossura de um atacador amarrar o tronco e puxa-lo. Claro esta que este cedeu. Qual a ideia seguinte? Ir buscar outro cabo de aco!!! E que nem oito nem oitenta, este nem dava para amarra o tronco. Bruxo! Finalmente la arranjaram outro cabo de nylon mais grosso e com que puderam puxar o desgracado do tronco de la para fora. Mais 2h de atraso, nao e nada),
  • o por do sol continua espectacular (acrescido que por estes dias estava lua cheia),
  • isto agora nao faz as vezes de um barco que vai para um sitio, agora e um barco que ha-de chegar a um sitio, e que pelo caminho faz todas as paragens necessarias nas mais pequenas povoacoes ao longo do rio, e mais um autocarro, em que os passageiros sobem e descem onde precisam, pela razao anterior, e como mencionei anteriormente, pelo facto de andarem mais de um lado para o outro, a verdade e que tambem o dormir era mais complicado: o barco era mais velho, a vibracao era maior, tal como o ruido do motor, as pessoas passavam constantemente ao pe do meu camarote, arrastanto com elas todo o tipo de mercadorias... uma alegria,
  • curioso verificar que os primeiros homosexuais explicitos que encontro no Peru se encontram embarcados. Tres cozinheiros no nosso barco e mais alguns noutro barco da mesma companhia. Seria um dos ultimos sitios em que esperava encontrar homosexuais. Nao esperava que andassem embarcados pois associo um barco a um ambiente bastante machista.

Chegaram ao fim os meus dias de passeio no Amazonas. Para quando o regresso? Sera que vai haver regresso???....

Isto e o aspecto do nosso barco a meio da tarde, notem que ja se tinham instalado alguns vendedores a frente do mesmo

Isto e o aspecto quando estavamos "quase" para irmos embora, toda a gende a espera de se poder despedir dos seus familiares

Este e o aspecto a hora da despedida. Notem do lado direito da foto os vendedores em cima de outro barco que estava encontado ao nosso. Vende-se tudo o que e preciso para a viagem: redes, cordas (o homem da t-shirt azul com umas coisas brancas ao ombro), papel higienico, pasta de dentes, pastilhas, refrigerantes, comida (claro!), laminas de barbear, tupperwares...

Um momento mais intimo partilhado sem pudor para toda a gente. Alias, ver as maes a dar de mamar em publico e bastante comum nestes paises, e tao natural como o proprio nascimento do filho, nao estamos ca com merdas!

Aparentemente antes havia a possibilidade de pagar em galinhas, arroz, bebidas alcoolicas, ou qualquer coisa que desse jeito na cozinha ou a tripulacao. Cortezia tambem e coisa do passado...

As minhas humildes instalacoes (sim, o cobertor cor-de-laranja e meu)

Passamos por uma localidade que, curiosamente, se chamava Lisboa. Olha, ja estou em casa, esta tao diferente...

Alguem alguma vez sonhou com uma cabana a beira rio? Qualidade de vida!!! Com um iate a porta e tudo!


Esta foi quando chegamos a Yurimaguas, e possivel ver a verdadeira abordagem e invasao que foi feita ao barco. Do lado esquerdo percebem-se pessoas a correr para virem para o barco. E o caos!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Amazonas

Acabo de regressar a civilizacao depois de 7 dias a subir (parte d)o rio Amazonas.

Sai de Manaus, a capital do estado brasileiro da Amazonia, na passada quarta-feira dia 28.

Depois de alguns preparativos iniciais, nomeadamente a compra de uma rede (para o que desse e viesse), comida e papel higienico, embarquei clandestino no Fenix, a minha casa flutuante para os proximos 7 dias. E porque clandestino?...
Estes ultimos tempos, tenho viajado com um casal, o Thomas (ingles) e a Tina (dinamarquesa), que conheci ainda no Panama, e que me disseram que tambem iam fazer esta viagem. Depois de alguns encontros e desencontros na Colombia e na Venezuela, reunimo-nos novamente em Santa Elena de Uarien (Venezuela) junto a fronteira com o Brasil. Depois fomos juntos ate Boavista e dai ate Manaus. Em Manaus andamos a pesquisar os barcos que subiam o rio ate Tabatinga, cidade brasileira onde agora me encontro e que faz fronteira com o Peru (para onde vou) e com a Colombia.

O barco para esta viagem tem duas opcoes: ou se vai numa rede, pendurado como um macaco no galho, ou entao aluga-se uma cabine (camarote) que tem ou uma cama de casal ou dois beliches, e uma casa de banho privada. Como eles sao namorados desde o inicio que decidiram alugar, para eles, no barco, uma cabine. Ate porque em termos de seguranca tambem e muito mais tranquilo ter um sitio onde guardar os items pessoais e valores, do que ter de os deixar junto a rede, onde qualquer pessoa pode ver e, eventualmente, alterar o conteudo.
Alugaram uma cabine por 700 reais. Este preco porque fomos ver o barco no domingo, e o pagamento foi feito logo na 2a. Se tivessem esperado mais um dia passava para os 800 reais. Para terem termo de comparacao, o preco de uma rede varia, mas nunca menos que os 300 ou os 320 reais no minimo.
O que combinei com o gerente do barco, e com eles tambem, foi o seguinte: para comecar deixo a mochila na cabine deles, para ficarem as coisas la guardadas, compro uma rede e penduro e, depois de iniciarmos a viagem, se houver lugares diponiveis nas cabines, muito bem, mudo para la, se estiver tudo vendido, terei que continuar na rede, de qualquer modo tinha sempre um sitio onde guardar os meus pertences em seguranca. Por isso digo que embarquei clandestino no barco, porque so depois de comecarmos a navegar e que comprei o meu bilhete.

Ja tinhamos passado por um local que se chama Encontro das Aguas, onde o rio Negro (de cor preta, parece cafe) que banha Manaus, se encontra com o rio Solimoes (de cor castanho, parece cafe com leite), o rio que iriamos subir ao longo destes 7 dias, quando voltei a ir falar com o gerente sobre este tema. Quanto ao Encontro das Aguas, neste sitio, as aguas dos dois rios nao se misturam imediatamente. Como tem densidades diferentes, os dois tipos de agua vao lado a lado ao longo de quilometros. Continuando, fui falar com o gerente e ele la me disse que havia uma cabine disponivel, e la negociamos os dois um preco razoavel.

Para mim foi muito bom pois tinha embarcado com febre e veio a revelar-se uma decisao correcta logo na primeira noite, em que acordei todo suado e tive que mudar de cama de um beliche para o outro. Imaginem ter que dormir numa rede molhada, com as costas encharcadas, ao frio e ainda por cima com febre... Alem disso, ter uma casa de banho privada, num barco com 250 pessoas a subir o Amazonas ao longo de 7 dias, nao tem preco! Por isso la desmontei a minha rede, sem nunca ter sido utilizada para dormir (embora me tenha sentado nela umas horas), e mudei-me para os meus novos aposentos.

Depois foi preciso reajustar o organismo para passar 7 dias fechado num barco, sem espaco para grandes actividades fisicas, com 3 refeicoes diarias (mais ou menos, depois explico melhor), e sem nada para fazer.
Regra geral, os dias foram passados a ler, escrever, ouvir musica e a contemplar o rio e as margens. Obviamente que nao se resumiu a isto: desde as refeicoes, ao falar com os passageiros e com membros da tripulacao, assistir as manobras de atracagem, embarque e desembarque de passageiros e cargas, ver golfinhos... houve tempo para muito.

A rotina diaria consistia em acordar e higienizar o corpo, e ir tomar o pequeno almoco. Como muitas vezes acordava tarde (as 8h, tardissimo....) muitas vezes ja tinham fechado a sala do pequeno almoco e tinha que ir a cozinha tentar arranjar alguma coisa para comer. Depois ia ler, ou escrever, ou ouvir musica, ou qualquer coisa que me entretesse ate ao almoco, servido a partir das 11h (e as vezes desde as 10h30, mas onde eu so chegava la para as 12h30), depois o mesmo: ler, escrever, ouvir, falar, observar... ate a hora do jantar, la para as 17h (embora muitas vezes comecasse as 16h30, e mais uma vez onde eu so chegava por volta das 18h). Depois do jantar era hora para ir ate a parte de cima do barco onde havia um pequeno bar e beber uma cerveja enquanto assistia ao por do sol e as maravilhosas tonalidades que ceu e nuvens assumiam no fim de tarde. Ler mais um pouco e ir dormir. Estava o dia ganho.

Quanto as refeicoes eram constituidas por:
Cafe-da-manha (pequeno almoco): cafe (ja com acucar), leite (ja com acucar) e depois, nos primeiros 3 dias houve pao, a partir dai e ate ao fim da viagem apenas houve bolachas salgadas que, exactamente por serem salgadas, nao sao muito boas de mergulhar no leite.
Almoco: umas vezes frango grelhado, uma vezes carne estufada, uma vez frango guisado, uma vez carne grelhada, uma vez feijoada, nunca peixe. O acompanhamento era sempre o mesmo: arroz, esparguete, feijao e farinha de milho grossa. Por vezes havia tambem salada a acompanhar a comida.
Jantar: umas vezes frango grelhado, umas vezes carne picada, duas vezes sopa que parecia do cozido (com massa e couves e carne e ossos e tudo numa agua de tonalidade duvidosa, mas saborosa). Os acompanhamentos eram os mesmos do almoco: arroz, feijao, esparguete e farinha grossa.
A comida era servida em self-service, cada um tirava o que queria.

O barco levava cerca de 250 passageiros, e apenas 5 turistas, eu, o ingles e a dinamarquesa e dois alemaes. Havia tambem 2 colombianos e uma peruana que voltava a casa, mas esses nao eram turistas. Tudo o resto eram brasileiros que viviam algures entre as duas cidades ou perto.

Chegamos a Tabatinga na terca feira as 3h30 da manha, como nem eu nem os outros queriamos sair do barco a essa hora, porque nao tinhamos onde ficar, acabamos por ir ate outro lugar onde o barco parou a seguir, Benjamin Constant, dai tivemos que apanhar uma lancha rapida de volta a Tabatinga, no fim da manha.

Curiosidades:
Em alguns sitios o barco nao para para as pessoas entrarem e sairem. O barco abranda, e depois ha uma lancha a motor que faz as vezes de taxi e transporta pessoas e bagagem para terra (so quando sao poucas pessoas).
Num dos portos uma pessoa saiu e ficou esquecida. Teve que contratar uma lancha para vir atras do barco e retomar a viagem.
Todas as mercadorias sao carregadas e descarregadas a mao, uma a uma, nao ha gruas nem monta-cargas.
Alguns barcos (nao o nosso) tambem fazem vendas pelas localidades onde vao passando, o que significa que se podem atrasar bastante. O nosso so tinha servico de frete, nao de vendas.
Maior parte dos passageiros a bordo sao familias, bastante das quais numerosas, e sempre com muitas criancas a correr por todo o lado.
Uma rede num mercado em Manaus custa entre os 15 e os 80 reais (esperem pagar mais uns 4 ou 5 pelas cordas para segurar a rede).
Estes marinheiros sao mesmo de agua doce. Nao sabem fazer nos. Acontece que ha muita coisa a flutuar nas aguas do rio, e muita materia vegetal, nomeadamente troncos de arvores (alguns enormes mesmo). De vez em quando o barco nao se devia a tempo e la ha um ou outro que bate no casco. Segunda feira a tarde, vespera de chegarmos, um tronco bateu no barco e danificou o cardan do veio do motor. O motor teve que ser desligado para se poder fazer a reparacao, mas estavamos em pleno rio. Entao la vai o bote a motor, com 2 la dentro e com o cabo de atracagem do barco (que por ser fluvial nao tem ancora) e tentam atar o barco a umas arvores. O cabo estica estica estica (ate perder toda a agua que tinha) e PAZ, o no que tinham feito escorrega e solta-se o cabo, e barco, da arvore. Continuamos a recuar, a descer o rio. Nova tentativa, vao apanhar a ponta do cabo e tentam ata-la novamente. Agora sem eu perceber muito bem porque o cabo solta-se de dentro do barco!?! Nem eu percebi como e que isto aconteceu. Terceira tentativa, vao outra vez buscar o cabo, atam-no mais uma vez, mas agora o barco ja tinha ganho alguma velocidade e mais uma vez o no e feito e mais uma vez o no escorrega... ta bonito. Por isso de momento desistem de amarrar o barco. Vamos entao a deriva por uma meia hora, no meio do rio, tal como se de um tronco gigante se tratasse. E olhem que iamos a uma velocidade apreciavel. Finalmente la o bote se coloca atras do barco e comeca a empurra-lo para uma das margens. Ai havia uma zona menos profunda em que o barco acaba por encalhar naturalmente, 2 saltam rapidamente e vao prender o barco e finalmente conseguem imobiliza-lo. Curiosidade tambem foi depois de solucionada a avaria, e desde que comecamos a andar novamente, demorarmos cerca de 15 minutos ate chegar ao local em que o motor parou e em que se tentou atar o barco pela primeira vez. Foi bastante tempo. Andamos muito para tras. Nao parece, mas a corrente e muito forte.
Ha muita muita agua no rio amazonas.
Ha muitas arvores tambem.
As araras fazem muito barulho e voam de forma atabalhoada.
Nao ha mosquitos no barco, repelente e desnecessario.
Como vamos com alguma velocidade ha sempre uma brisa (ou vento forte) a bordo. Quando paramos e que se nota o calor que esta!
Os escaravelhos voam muito e sao kamikazes.
Num dos dias a bordo celebrei o meu centesimo dia (100º) a viajar.
Ha cobertura de telemovel em alguns pontos da amazonia.
A agua em que os alimentos sao cozinhados, os pratos sao lavados e em que as pessoas tomam banho provem toda do mesmo sitio. Do rio. Tomar banho em agua castanha tem o seu que de especial.
A navegacao e feita dia e noite. A noite ha um holofote que ligam e desligam em curtos intervalos e que utilizam para se localizarem, verem o melhor sitio para passar (menos troncos, menos correntes, mais fundo).
O GPS existe, mas vai desligado o caminho todo.
A bordo de um barco tambem ha baratas.
Beber mais do que 8 cervejas numa noite pode dar mau resultado na manha do dia seguinte.

Este e o Fenix, e foi a minha casa por 7 dias
Panoramica geral dentro do convesO Encontro das Aguas entre os rios Negro e Solimoes

A sala das refeicoes
A Amazonia tem muitas arvores...
As fantasticas tonalidades que o ceu adquiria ao entardecer


Alguns dos ultimos passageiros a embarcar
Povoacoes ao longo do rio
O processo de carga e descarga