Adicionalmente recebe ainda o titulo da cidade mais alta do mundo, a mais de 4.000 acima do nivel do mar.
Actualmente, e depois de terem sido fechadas durante um periodo, as minas encontram-se novamente em actividade, geridas atraves de cooperativas particulares. Para alem da prata, extrai-se tambem chumbo, estanho e cobre, minerais normalmente associados.
A forma de extraccao do minerio viu algumas melhorias, com a introducao de martelos pneumaticos e lampadas electricas, mas as condicoes de trabalho no interior mantem-se identicas as que os espanhois encontraram ha mais de 450 anos. Tectos escorados por troncos de madeira (quando escorados, note-se); sistema de ventilacao inexistente; po, muito po; alem de que muitos mineiros realizam jornadas de trabalho que variam entre as 12 e as 16 horas e vao trabalhar sem levarem consigo comida ou bebida, apenas uma bolsa com folha de coca que mascam continuamente e que alivia a sensacao de falta de ar, de fome e sede, e a fadiga muscular.
Nestas condicoes de trabalho, sem ventilacao e com quantidades enormes de po em toda a mina, bastantes mineiros acabam por sofrer de silicose. A esperanca media de vida de um mineiro em Potosi ronda os 40, 45 anos. Nao obstante mantem-se uma profissao de prestigio, e ate mesmo cobicada, sempre na esperanca de encontrar "o" filao que possa alterar a vida destas toupeiras humanas.
Finalmente os mineiros, ate pela sua natureza dura, e embora nao sejam reivindicativos, a verdade e que nao admitem que "outros" se metam na sua vida. Prova disto foi ha uns anos quando o governo decidiu aumentar os impostos sobre os minerios extraidos, os mineiros sairam a rua em protesto e como forma de mostrar o seu desagrado simplesmente atiraram paus de dinamite (exacto, dinamite) para dentro do equivalente ao servico de financas de Potosi, incendiando o edificio e parcialmente destruindo-o.
Para visitar estas minas e necesaria uma excursao organizada. Antes da visita ha que equipar a rigor, com botas, calcas, casaco, capacete e lampada. Depois segue-se uma visita ao mercado mineiro onde estes se abastecem para o seu dia-a-dia: pas, picaretas, ferros, escopros, lampadas, botas, capacetes, folhas de coca e ate paus de dinamite, com o respectivo fusivel e detonador, claro! Alias, este deve ser dos poucos sitios do mundo em que qualquer pessoa (incluido turistas e estrangeiros), pode comprar dinamite com a maior das facilidades, como quem compra pastilhas elasticas (ver 2a foto). Depois de feitas as compras, para oferecer aos mineiros, vamos aos engenhos, onde o material extraido e moido, lavado e depois separado minerio para um lado, escorias (
Uma primeira paragem no museu da mina, onde explicam a historia e as lendas. Depois vamos prestar homenagem ao "Tio" (ver 6a foto). Se para eles Deus reina acima da terra, entao o Tio reina no submundo. E como eles passam mais de metade da vida deles debaixo de terra, o melhor mesmo e estar de bem com os dois, por isso vao sempre prestar uma homenagem atraves de umas preces acompanhadas por oferendas de tabaco, coca e alcool. Depois penetramos mais fundo dentro da terra (com uma desistencia logo nos primeiros 15 metros), onde o ar era mais pesado, quente e cheio de po. Fomos ver uns mineiros a perfurar com martelo pneumatico o que, para alem de ser um barulho ensurdecedor, era quase impossivel ver a ponta do ferro e a parede. Ao longo do caminho iamos deixando as nossas ofertas aos mineiros que encontravamos: refrigerantes, dinamite, folha de coca, tabaco... (fruta disseram-nos que nao valia a pena levar - va-se la compreender). Finalmente, ja ca fora, ainda tivemos tempo de assistir a detonacao de dinamite, so para turista ver, claro, que nao teve mais utilidade nenhuma. Mas foi engracado porque eles preparam a dinamite, depois acenderam-na e aquilo, ja com o rastilho a arder, andou de mao em mao para que as pessoas tirassem fotografias!!! Quando por fim la acharam que era tempo, foram colocar os sacos num descampado onde se deu a explosao.
Sem duvida uma experiencia a nao perder.