quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Itinerário:

Nota introdutória: hoje em dia, é possível ir a várias companhias de aviação e comprar um bilhete único que permita dar a volta ao mundo – Round The World (RTW) Ticket. Este bilhete tem algumas restrições: só se pode viajar num sentido (Oeste-Este ou Este-Oeste), existe um número definido de paragens que se pode fazer, etc… e a verdade é que, em 36 horas era possível fazer uma circum-aviação(!) ao Globo, o que era excelente para um fim-de-semana.
Imaginam-se num sábado de manhã, com uma pequena mochila às costas a despedirem-se: “Mãe, vou dar uma volta ao Mundo, mas estou de volta amanhã para jantar!”??? Pois é, muito fácil, e muito rápido. Mas não é o que me move. Exactamente! Para mim, o transporte de eleição será sempre o autocarro e o comboio ou, no caso de qualquer um dos dois não estar disponível, o barco. Não sou fundamentalista, não faço birra a dizer que não ando de avião aliás o primeiro trecho da viajem é atravessar o Atlântico de avião, mas sempre que puder, evito. Lá está: é rápido de mais e muito impessoal. Se é para ver, é para ver, se é para conhecer, é para conhecer, se é para viajar, então é por terra ou por mar (que bonito!).

Feita esta pequena nota, apresento então o itinerário (para já) equacionado:

Sair de Lisboa de avião até aos States (NYC), atravessar de costa a costa (seguir parte da mítica Route 66) e descer o México. Depois é ir sempre para sul: Belize, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá. Sempre de autocarro, comboio ou, onde possível, à boleia.
Aqui a situação complica-se: a travessia entre o Panamá e a Colômbia não é muito pacífica. Existe uma região denominada de Hiato de Dárian (Darian Gap) que não é muito famosa – basicamente é um ambiente de selva, com estradas de picada muito degradadas e cujo território é densamente ocupado por guerrilheiros das FARC e não me apetecia muito ser raptado e passar 6 anos em cativeiro no mato – mas neste caso vou tentar uma travessia de barco. Se não conseguir nada, então terá de ser de avião, mas apenas como último recurso.
Nesta altura, tenho uma dúvida: o que é certo é que eu gostava de continuar pela Venezuela, pela Guiana e pelo Suriname, sendo que depois entrava pela selva amazónica e subia o rio Amazonas até chegar ao Peru. Se não for possível, sigo pelo Equador e depois Peru.
Continuando: Peru, Bolívia, Chile (norte), Argentina (norte), Paraguai e entrar no Brasil. Dar um passeio pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis e Porto Alegre e, passando pelo Uruguai ou não, entrar na Argentina (centro). Aqui, Buenos Aires e sul até à Patagónia e à Terra de Fogo. Voltar a subir e visitar o Chile (sul e centro).
Em Santiago, o que era mesmo espectacular era apanhar um voo com destino à Austrália, mas que fizesse escala na Ilha da Páscoa. Este percurso era espectacular, mas creio que não será possível porque os voos são circulares Santiago-Páscoa-Santiago, não continuam para a Austrália, e porque os cargueiros que passam naquele ponto do oceano são algo incertos, nada me garante que consigo arranjar um cargueiro da Páscoa para Oeste. É uma questão a confirmar em Santiago.
Então Chile - Austrália, e depois voltar um pouco atrás até à Nova Zelândia. Regressar à Austrália, dar uma volta à ilha. Neste ponto coloca-se uma dúvida: as ilhas do Pacifico. Devem ser espectaculares, mas também muito caras… por alguma razão também não vou às Caraíbas. O principal problema é esse: são todas muito distantes, as viagens são caras e o custo de vida nas ilhas também não é barato. Mais uma questão a confirmar no local, pode ser que em alguma marina seja preciso um tripulante para um cruzeiro por esses lados… =)
De volta à Austrália, direcção Norte, para a Papua Nova Guiné, Indonésia, Singapura, Malásia, Tailândia, Burma, Cambodja, Vietname, Laos, China… atravessar a China pela costa e subir até à Coreia do Sul, gostava de visitar também a Coreia do Norte, mas a questão dos visto é sempre um problema. Retornar à China continental e, vindo pelo interior, atravessar a Mongólia, novamente pela China até ao Butão, Nepal e entrar na Índia, onde prevejo dar uma volta circular no sub-continente indiano. Seguir pelo Paquistão e (mais uma dúvida) atravessar o Afeganistão(?) ao seguir para o Irão. Depois do Irão era bonito conseguir atravessar o Iraque até à Jordânia, ir até Israel, e subir pela Síria até à Turquia. Será exequível?
Na Turquia, já Europa, era vir ao sabor da corrente: Grécia, (algum país), Croácia, Eslovénia, Áustria(?), Itália(?), França, Espanha, Portugal….

Ambicioso? Sem dúvida. Realista? Se calhar não. Logo se vê como corre. Há muitos destinos que agora me parecem muito bem e que eu gostava muito de ir visitar, mas que só na altura é que posso ver se é possível. Situações naturais, políticas e sociais vão, com certeza, condicionar o meu itinerário. Só na altura é que posso tomar essa decisão.

Uma questão que muitas vezes me colocam é o porquê de seguir no sentido Este-Oeste e não o inverso. Para mim a resposta é muito simples e directa: considero que é-me muito mais fácil começar por uma viagem de avião e depois chegar à Europa e a casa por terra, de forma faseada, do que o contrário, que era estar nos Estados Unidos, depois de uma viagem que imagino enorme, e de repente apanho um avião e 8h depois PAM estou em casa. Whow! Não, acho que seria um choque demasiado grande. Assim vou-me aproximando ao meu ritmo, com tempo para habituação, e sem choques culturais… se quiser acelerar, acelero, se quiser atrasar, atraso… faseadamente… sem stress…

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