segunda-feira, 22 de junho de 2009

Patagonia / Ushuaia

E seguimos por ai abaixo rumo ao sul....

A Argentina e o 8o maior pais do mundo, e isso nota-se nas distancias percorridas. Desde Buenos Aires a Ushuaia sao 3.190 quilometros.

Depois de sair da estacao do Retiro (no dia do meu aniversario) decidi ir ate Puerto Madryn, porta de acesso a Peninsula Valdez, e o que me permitia fazer um intervalo na viagem e aproveitar para ver algumas das maiores colonias do mundo de pinguins, juntamente com leoes marinhos, focas, golfinhos e baleias.

Depois de quase 20 horas no autocarro, cheguei ao terminal de autocarros de Puerto Madryn. Como havia uma agencia de turismo no terminal, fui la obter algumas informacoes e, qual nao foi o meu espanto quando me disseram que ja nao estava na epoca dos pinguins e os leoes e focas tambem estavam a escassear. Ver baleias e sempre uma opcao mais cara pois por norma implica um barco. Por isso pesei as minhas hipoteses por algum tempo (uns 30 minutos) e decidi continuar.

Resultado: estive cerca de 2 horas em Puerto Madryn, e acabei por comprar um outro bilhete directo ate Rio Gallegos, a cidade mais a sul da Patagonia, e que serve como fronteira provincial e porta de acesso a Terra do Fogo. Sem contar com essa paragem (que afinal ainda foram 2 horas que serviram para esticar as pernas) estive umas 40 horas enfiado em autocarros.

Basicamente, a Patagonia e uma sucessao interminavel de planicies e de imensas rectas de asfalto. A paisagem e de pampa: ervas altas a perder de vista, relevos suaves e quintas de producao de gado enormes... com milhares e milhares de hectares.

Depois de passar uma noite em Rio Gallegos, por falta de autocarros de ligacao, segui em direccao a Ushuaia por mais umas valentes horas (talvez umas 12h?). Desde Buenos Aires ate Ushuaia, atravessei um total de 20 graus de latitude. Isto traduziu-se em andar de t-shirt e transpirar na primeira cidade e ter que vestir casacos e mesmo assim gelar de frio na segunda.

Depois de atravessar o Estreito de Magalhaes, sair da Argentina, entrar no Chile, sair do Chile e entrar novamente na Argentina tudo no mesmo dia, chegar a Ushuaia ao fim de tantas horas de viagem foi uma sensacao muito boa, nao so porque era voltar ao mundo depois de 2 dias de uma existencia passiva, mas tambem porque a cidade e muito bonita, interessante e inserida numa paisagem muito bonita: uma baia rodeada de montanhas. Alem disso, ha casas muito bonitas, maioritariamente contruidas em madeira, e que parecem que foram trazidas dos Alpes para ali.

Cheguei a cidade mais a sul da America do Sul, e ao ponto mais austral da minha viagem. A minha frente o Canal de Beagle, depois... Antartida (ou Antartica, ou ainda Antarctida? Sera que alguem me pode elucidar?)... fica para outro passeio. Para os interessados e possivel visitar por uns 6 mil dolares. Se o barco estiver para partir e se ainda houver lugares disponiveis, podem vender em ultima da hora por uns 3.500 dolares, mas para isso e preciso ficar a espera em Ushuaia, a cidade base das excursoes ao continente branco.

O sentimento que se vive em Ushuaia e muito positivo e de festa. Aqui encontra-se de tudo: exploradores do continente branco, aventureiros que atravessam as americas e que terminam a sua viagem em Ushuaia com o sentimento de dever cumprido, ou aqueles que, desde o Alaska, percorrem a pan-americana, que embora oficialmente termine no Chile as pessoas estendem um pouco mais ate ca abaixo... um pouco de tudo. Basicamente, para muitos, e o fim da linha, e o inicio do regresso a casa, dai o ambiente alegre e descontraido que se vive. Ate porque, como referi, Ushuaia nao e facilmente acessivel, pelo que o esforco implicado tambem da um maior sentimento de victoria. Muita festa a comemorar as aventuras vividas e os objectivos concretizados.

Ushuaia era, na sua genese, um complexo penal, para onde eram deportados os prisioneiros mais perigosos da Argentina. Devido a sua localizacao remota e clima extrema, a prisao nao tinha mais do que uma simples barreira de arame farpado a evitar que os pressos escapassem, e estes escapavam. Mas segundo relatos da epoca, que se encontram no Museu do Presidio, ninguem estava muito preocupado com isso. A falta de comida e as temperaturas extremas faziam com que os prisioneiros, dentro de uma semana ou menos, se apresentassem novamente na prisao ou que fossem encontrados na sua redondeza.

Embora quando eu la estive ainda fosse o fim do verao, a verdade e que o casaco era obrigatorio! Tambem para mim foram dias agradaveis (se bem que frios) em que deu para descansar o corpo de tamanhas viagens, revitalizar a mente (sem red-bull) com a beleza que me rodeava, ver os diversos museus que la existem, e pensar que da proxima vez que la voltar vou de aviao (ate fica mais barato que o autocarro!).

3 comentários:

  1. Estavas só a uns modestos 12000km de casa, podias mt bem ter feito um intervalo e visitar o pessoal :p

    Abraço e boa viagem

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  2. aposto que andaste esse tempo todo de autocarro por causa dos pinguins

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